LP Capim Verdão (Daudeth Bandeira e Benoni Conrado)

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tributo à Otacílio Batista Patriota 2010

Ao genial “Ota-ota”

Comparado aos pássaros da floresta
Era o gênio amazônico Uirapuru,
O nhambu da caatinga e do cerrado,
E o graúna do curimataú,
O campina, o canário sertanejo,
Numa tarde de chuva, o doce arpejo
Do carão apitando numa grota.
Vozerão cem por cento genuíno,
Pássaro lírico, poético, nordestino,
Otacílio Batista Patriota.

Descrevendo a origem do repente
Otacílio Batista fez de tudo,
Qual um Silvo Romero no Sergipe,
E em Natal Luiz da Câmara Cascudo;
Qual Sobrinho com Átila em Campina,
Com Linhares na terra alencarina
Ele fez como Leonardo Mota,
Cujas páginas de sua Antologia
Discriminam as coisas que dizia
Otacílio Batista Patriota.

Otacílio também teve um império
Fez igual Gengis Khan lá da Mongólia
Que mandou na metade do Oriente
Desde os reinos da China à Anatólia!!!
Otacílio imperou sessenta anos
Junto a Dimas e Louro, seus dois manos
Cujas famas o tempo não esgota;
Há de sempre existir no Universo
Uma frase, um repente, um grito um verso
Da família Batista Patriota.

Daudeth Bandeira
04/08/10

terça-feira, 9 de março de 2010

Suplicanção

Daudeth Bandeira

Não é uma estrela nem é um cometa,
Não é um discurso nem é um sermão,
É a poesia deusa do sertão!
Na vanguarda de cuidar do planeta!
Desviar o raio ultravioleta,
Apagar queimadas da aba da serra,
Cegar o machado e a moto-serra
Para inibir o desmatamento,
Livrar o planeta do aquecimento,
Lavar o espaço e salvar a terra!!

Margear de flores o velho caminho!
Ajudar a abelha a fazer o mel,
Como o cão de caça, amigo fiel,
Que não deixa o dono na mata sozinho!
Ver o João-de-barro construir o ninho
No pé de ingazeira perto do oitão!
Rever o vaqueiro vestido em gibão,
Ouvir o gemido do carro-de-boi!
Voltar ao que antigamente foi,
Deixar a cidade e morar no sertão.

Levar uma vida pacata e serena,
Preservar as fontes de nossa cultura,
Ter o cordel como a literatura
Mais original romântica e amena!
Assistir à missa, o culto, a novena,
E não descuidar da religião!
Respeitar a nossa Constituição
Na aplicação dos nossos alcaides,
Viver sem estresse sem ódio e sem adis,
Sem droga, sem câncer, sem poluição!

A Árvore Geneológica da Arte da Cantoria

Daudeth Bandeira

A poesia descende
De gregos, turcos e árabes,
Hebreus, egípcios, romanos,
Berberes, celtas e moçárabes,
Germanos e visigodos;
Se tem gene deles todos,
Não é só uma etnia!
Eis aí a grande lógica.
Da árvore genealógica
Da arte da cantoria!

A audição de um poema
Remete-nos ao período,
Da “odisséia” de Homero,
E “cosmogonia” de Hesíodo;
Hexâmetros feéricos
Dos belos hinos homéricos;
E a grande “teogonia”,
Exaltação mitológica
Da árvore genealógica
Da arte da cantoria.

“O épico de Gilgamesh”,
“Os diálogos de Platão”
O livro “cântico dos cânticos”
Escrito por Salomão!
A “Eneida” de Virgílio,
E o mais erudito idílio
Nos saraus de Alexandria,
São a tábua pedagógica
Da árvore genealógica
Da arte da cantoria.

Os acrósticos egípcios,
A canção dos beduínos,
Os versos oraculares
Dos compêndios sibilinos,
Os poemas dos astecas
Incas, maias e toltecas,
Entranhados de magia.
Uma fusão astrológica,
Na árvore genealógica
Da arte da cantoria.

O trovadorismo surge
No sul da França e Espanha,
Vai de Portugal à Itália,
Da Holanda à Alemanha.
Do chão da península ibérica
Partiu para cada América,
Um exemplar uma cria
De raiz etiológica
Da árvore genealógica
Da arte da cantoria.

Na América do Sul,
No nordeste do Brasil,
Germinou, brotou, cresceu
Num glorioso perfil.
Repentistas cantadores,
Vates improvisadores,
Herdaram da poesia
Sua parte biológica
Da árvore genealógica
Da arte da cantoria.
FIM